Monday, December 27, 2004

Você sabia?

Esses são os nomes das renas do Papai Noel. Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donder e Blitzen. Em inglês, em português não faço idéia, mas lembro dos nomes dos reis magos. Baltazar, Melchor e Gaspar. Já o próprio Papai Noel, em finlandês, é Joulupukki. Em 1930 o Papai Noel vendia muitas coisas e também fumava. Se você quer saber mais sobre a carreira de vendedor do bom velhinho, acesse:
www.jipemania.com/coke/natal/1930/natal1930.htm

Friday, December 17, 2004

Ubatubanas II

Vá tomar banho é uma afirmação imperativa. Busca remeter alguém a um ato prazeroso.
Bem, pelo menos eu penso dessa forma, gosto dos banhos, sejam eles de mar, piscina ou chuveiro.
Nem sempre foi assim no Brasil. Mesmo porque o chuveiro elétrico é coisa recente, bem como o banheiro interno. Antigamente ia-se à casinha, que era o banheiro, literalmente uma casinha separada do corpo principal da casa.
Na época do Império os banhos eram considerados aviltamento. D João VI, com uma ferida na perna, agravada por estar sob os restos de uma meia semi-apodrecida, recebeu ordens médicas de banhar-se.
Que ultraje! Foi a resposta complementada pela exclamação: no fim do ano talvez!
Os imigrantes europeus que aqui aportaram para substituir os negros na lavoura, também não eram chegados à higiene pessoal.
Banho só aos sábados, nos dias restantes quando muito se lavava o rosto e os pés. Os franceses inventaram uma boa forma de camuflar odores corpóreos. Perfumes.
Perucas empoadas e perfumes. Até hoje preferem os perfumes aos banhos.
Dos costumes ancestrais ficou a ofensa no envio de alguém aos banhos. Vá tomar banho é um xingamento! Equivale em intensidade de afronta ao mencionar de certa parte do corpo das mães.
Os índios gostavam de banhar-se e também tinham mais consciência corporal.
Vestiam –se de acordo com o clima, isto é andavam nus. No calor dos trópicos é a melhor roupa.
Foi a cultura que acabou prevalecendo. Hoje os civilizados usam pouca roupa e tomam banho.
Em tese, há muitos que ainda preferem o comportamento felino, isto é, lavam apenas as mãos e o rosto.
Em Ubatuba, há alem da proximidade do mar, a influência indígena.
As pessoas se acostumaram aos banhos, embora um caiçara autêntico, o Zé Bode Véio, afirmasse que nunca tomou um banho na vida.
Era percebido na cidade quando estava na praia das Toninhas e o vento soprando do Sul.
Desapareceu após tomar um litro e meio de Ubatubana e dormir na areia.
Teria sido recolhido pelo caminhão de lixo, transformado em adubo e exportado para o Canadá.
Foi o fim do acordo Brasil-Canadá de intercâmbio de fertilizantes. O fato é que após o desaparecimento do Bode Véio morreu parte da lavoura do país do norte.
Há quem culpe a Ubatubana pelo feito. Outros dizem que foi excesso de azul-marinho com coentro.

Monday, December 13, 2004

Brigadeiro

Sempre que havia festas de aniversário eu procurava uma aproximação estratégica em relação ao estoque de brigadeiros.

Estou falando de minha primeira infância que durou até os nove anos e em breve estará voltando, já há sintomas.

Depois de muitos anos no planeta, a vida parece uma parábola, com um eixo de simetria bem definido.

Aportamos no mundo perplexos e espantados, depois há a fase das descobertas e certezas, para finalmente descobrirmos que nada faz sentido. Exceto os brigadeiros.

No Rio Grande do Sul o doce atende pelo nome de "negrito", apropriado, já que é preto e gordinho.

Na adolescência continuei fã dos brigadeiros, mas descobri que além de ser nome de doce, brigadeiro era a patente máxima dos oficiais da Aeronáutica.

Como gostasse de aviões, imaginei tornar-me um dia um Brigadeiro. Nesse caso Brigadeiro-do-Ar.

A carreira na Aeronáutica é longa, demora para ser atingido o posto. Brigadeiros-do-Ar são senhores experientes, passados dos cinqüenta.

É sabido que a prudência aumenta com a idade. Por isso diz-se que quando o tempo está bom os Brigadeiros saem para voar, daí o termo "céu de brigadeiro", designando tempo bom.

Eu fazia enorme confusão quando ouvia alguém dizer isso. Imaginava parte do paraíso destinada aos justos.

Como os vencedores têm direito às batatas, os puros de alma teriam direito aos brigadeiros. Iam para o céu de brigadeiro, o verdadeiro paraíso. Pura lógica!

Continuei apreciando brigadeiros, mas com o tempo já não pareciam tão saborosos, bem como o guaraná, que ficou demasiadamente doce.
Nessa fase descobri que bom mesmo era ficar ao lado das meninas.

Também soube que o doce foi batizado de brigadeiro em homenagem ao Brigadeiro Eduardo Gomes, herói da FAB e personagem da maior importância.

O Brigadeiro foi candidato à presidência da república por duas vezes. Homem elegante e bonito era considerado um dos melhores partidos do Brasil. Havia uma música cujo refrão dizia: "O Brigadeiro, é bonito e é solteiro...". As mulheres suspiravam sonhadoras.

A ironia é que o Brigadeiro Eduardo Gomes, que era branco como um lençol, emprestou o nome a uma bolinha negra.

Digo o nome, pois ele era conhecido apenas como "O Brigadeiro". Todos sabiam de quem se tratava.

As crianças gostam muito de brigadeiros, o que certamente deve agradar ao Brigadeiro, que continua pilotando pelos céus afora.

Pilota uma nuvem, desenhando pássaros coloridos em dias azuis.

Monday, December 06, 2004

Pega na mentira...

Quando assumimos posição contra a corrupção, não o fazemos por razões estritamente morais. Há um lado prático de relevância.
O montante desviado pela corrupção varia. Nos municípios brasileiros está beirando os 30%. É muito dinheiro que desaparece de circulação.
Em escala mais ampla, o dinheiro desviado acaba sendo usado para financiar o Jet Set. Todo o charme e o esplendor de lugares badalados, como o Principado de Mônaco, está povoado de propina, tráfico, lavagem de dinheiro, contrabando de armas e coisas afins.
Nunca esqueço da visão do “Nabila”, de 86 metros, ancorado ao largo de “Puerto Banus”, na Costa da Espanha, região de Málaga. Branco, majestoso, esplendoroso, seu dono era nada mais nada menos do que Adnan Kashoggi, na época o maior contrabandista de armas do mundo.
Perdeu o lugar, hoje há outro mais discreto ocupando o posto. Sua filha, Nabila, que deu nome ao barco, tinha convidados que participavam de uma animda festa a bordo. Num barco ao lado havia uma menina esguia que mergulhava com desenvoltura no Mediterrâneo. Era a princesa Stéphanie, de Mônaco. Pena que não existia a revista “Caras” para fotografar! Só faltaram as presenças de Hebe, Eliana e Justus.
Toda essa dinheirama, usada para alguns reviverem as cortes imperiais, poderia ser usada para distribuir renda. Incrementaria os negócios e traria melhoria para a vida de muita gente, inclusive para os que desviam o dinheiro. Bem, isso é assunto para outra vez.
Para conseguir manipular verbas públicas, desviar parte delas para o bolso e continuar atuando na política, é preciso talento. Talento para mentir e enganar, sem que isso transpareça.
Parece que a ciência vai colocar um ponto final na mentira. Os praticantes da arte têm os dias contados.
Como ficará a vida de gente como o velho senhor que nunca teve contas no exterior, embora tenha o nome ligado às contas, ou que assinou um documento e disse que a assinatura não é dele?
Todos sabem de quem estou falando, peguei um exemplo extremo.
Há outros que se fossem apontados teriam de sair do país, tal a aura de santidade que os cerca. Na verdade são tão corruptos quanto o personagem folclórico que acabei de citar.
Um exame do cérebro, feito com ressonância magnética, mostra as áreas que funcionam quando uma mentira está sendo dita. Contra isso não é possível lutar, a evidência é total.
Fico imaginando o que acontecerá quando uma câmera especial for apontada para um cidadão que recebendo salário de professor, apresenta patrimônio incompatível com os ganhos e diz ter recebido uma herança.
Se for mentira, uma luz azulada vai invadir o ambiente enquanto subirá o som de estridente vaia.
Acabarão os mentirosos ou serão proibidos os aparelhos que denunciam a mentira, sob a alegação de que violam os direitos individuais.
Afinal de contas, quem legisla são os políticos.
Eles não vão gostar de desfilar a nudez. Quase sempre estão fora de forma!

Wednesday, December 01, 2004

Buscando o infinito...

O cérebro humano, binário, tem limitações quando o assunto são as dimensões que nos cercam, onde se desenrola a vida. Três delas são compreensíveis de imediato. Comprimento, área e volume fazem parte de nossas vivências básicas, já a quarta dimensão, o espaço-tempo, foge um pouco das informações captadas pelos sentidos e pela tradição passada oralmente, isto é pela cultura do vulgo, do homem médio, do medíocre, sem haver aqui nenhuma conotação pejorativa. Presos nos afazeres diários, poucos têm tempo de enveredar pelo campo da filosofia, e quando as questões são de ordem cosmológica, que necessita para a compreensão, uma profunda iniciação na Física, então a coisa torna-se mais complexa. O que é o tempo? Essa é uma pergunta de difícil resposta, o físico inglês Stephen Hawking escreveu um belíssimo livro sobre o tema, "Uma breve história do tempo", leitura obrigatória para os estudantes de História da Ciência. O tempo, pela "Física Newtoniana" é absoluto. Dois relógios idênticos, um funcionando no pulso de uma pessoa na Terra e outro, no interior de uma nave deslocando-se com velocidade próxima da luz, marcariam intervalos de tempos iguais. Einstein mostrou que está errado, grandes massas curvam o espaço e atrasam o tempo, quanto maior o campo gravitacional, mais lentamente funcionará um relógio. Se os relógios estivessem nos pulsos de gêmeos idênticos, e se a nave ficasse algumas semanas no espaço, na volta o viajante encontraria o irmão muitos anos mais velho. Ele teria avançado no tempo medido a partir do referencial Terra. Se tivéssemos a capacidade de suportar a intensidade dos campos de forças que há nas imediações dos buracos negros, seriamos literalmente eternos, lá o tempo deixaria de fluir. Gosto de imaginar como isso influiria nas leis da Biologia, o que é perda de tempo, pois para suportar tanta gravidade haveria de ser outra biologia. No entanto, como hoje sei que há, além dessas quatro dimensões que citei, pelo menos mais oito, imagino que teremos que caminhar muito antes de ter uma idéia do que realmente é o Universo e como funciona. Tenho a intuição que está aí tarefa do homem, decifrar a grande charada que lhe foi proposta e que por enquanto ainda está muito longe de ser solucionada. É a única razão pela qual me aborreço com a idéia da morte, sou curioso, gostaria de ver esclarecidas as imensas dúvidas que se apossam de meu espírito à medida que avanço nos estudos. Quanto mais aprendo, mais compreendo que nada sei, amplia-se a sensação do vazio da ignorância. Enquanto viver continuarei lutando pela verdade. O conhecimento total é Deus, estou em busca dele.

Da criação...

Acabei da saber, através do meu Fax-de-Plasma, que escavações feitas na Palestina, em 32-DC deram num baú de magnésio, cujo teor de pureza indica ter sido feito por uma civilização muito avançada. Durante séculos – isso eu soube através do celular de Vapor de Mendelévio, que não dá câncer! – a humanidade tentou abrir o baú. Tentativas infrutíferas. Até o Rei Arthur foi instado a fazê-lo. Consta que contemplando a parte posterior da bela Guinevére, que abaixada acendia o cigarro na lareira, o Rei, distraído, pegou o baú, chacoalhou e disse gostei, tem um belo som, comprem duas grosas! Assim a humanidade descobriu que havia alguma coisa dentro do misterioso invólucro, que parecia ser mágico. Certo dia o mercador Tulius Minervus arrematou a peça em leilão e levou para Roma, onde vendeu como relíquia religiosa. Lá o baú ficou até o século XX, quando foi levado para o Brasil por um imigrante italiano chamado Agostino. Isso aconteceu por volta de 1953, o baú que não servia para nada acabou no fundo de um armário de quinquilharias. Em 1957, bateram na porta do agora próspero caminhoneiro Agostino. Ele abriu e deu de cara com uma mulata de quase dois metros, com lábios carnudos e dentes de marfim, só faltando o colo de alabastro que fatalmente teria não fosse negra, tinha, portanto colo de ébano. Agostino participou da invasão da Abissínia e desde então ficou com uma queda por peles escuras. Solícito pediu que ela entrasse e sentasse e perguntou o propósito da visita. Fazendo boca de Grande Otelo, Desdêmona, - juro que era esse o nome dela! – pronunciou o nome do produto que vendia, alto e em bom som, escandindo as sílabas:
- Eu vendo Carnê Erontex!
Nesse momento um relâmpago cruzou os céus e atingiu a casa de Agostino, destruindo tudo, não sobrando sequer uma unha dos dois. No meio dos destroços brilhava resplandecendo o baú, misteriosamente aberto pela palavra mágica Erontex! Triste o destino desses dois. Quando as autoridades competentes chegaram, encontraram um livro impresso em ouro, em aramaico antigo, onde “savunque” não queria mais dizer trapiche e sim bolinho de peixe, o que causava enorme confusão. O livro trazia uma revelação. Antes da criação do Universo, Deus já havia tentado criar outro, mas teve problemas de ordem prática. Segue um resumo das revelações.
No princípio era o vazio, muito antes do Bang-bang e do instante primordial. Só havia Deus, que passava o tempo, ou melhor não passava o tempo pois o tempo não existia, Deus jogava xadrez e ficava entediado com os empates.
Assim Deus criou seres à sua semelhança, para trocar idéias, jogar xadrez e de vez em quando uma partidinha de volleyball de nuvem. Também havia grandes concertos de Rock na sopa primordial.
Havia os Al (de alfa), os Bl (de beta) os Dl (de delta), seres parecidos conosco, porém de cores diferentes. Como não havia reprodução as cores não mudavam, aliás nada mudava, aliás nem dá para imaginar direito como era passar o tempo sem ter o tempo para passar.
Um dia Deus criou o espaço de tempo e determinou que em um ano estaria pronto o universo.
Convocou então cinco Als, cinco Bls, cinco Cls,... até completar o alfabeto com cinco Zls. A idéia divina foi usar grupos de trabalho para dividir as tarefas da criação.
Na primeira reunião em janeiro do ano menos um, houve consenso quanto à esfericidade dos astros, até a hora de referendar tudo, quando um Gl pediu a palavra e disse que embora concordasse, preferia a forma cúbica. Outro atento participante, disse que jamais isso seria tolerável, os icosaédros são mais estáveis. Um terceiro elemento passou a defender os tetraedros. Deus preferiu adiar a decisão por algumas sessões. Na outra semana discutiram os animais domésticos. Todos foram unânimes quanto ao cachorro, a questão pegou na definição do número de pernas. Quatro cinco ou seis? O projeto também foi adiado.
Dessa forma, de adiamento em adiamento a coisa caminhou até faltar oito dias para terminar o prazo. Só estava decidida a criação das pizzas, houve unanimidade nesse item. Quando chegaram para a reunião do dia menos oito, os membros das equipes de trabalho perceberam uma novidade. Deus havia criado uma mesa, com um belo tampo de carvalho envernizado. Sentado na frente da mesma ele abriu a sessão propondo que se resolvesse a questão das agulhas de crochê, se teriam ou não furos. Houve uma enorme confusão, todos discutiam e cada um falava mais alto do que o outro até que a platéia assistiu outra criação divina. O murro na mesa. A primeira palavra depois do murro foi chega! Quem manda aqui sou eu e vou fazer o Universo do meu jeito. Vocês estão descriados, vou inventar o homem para ser meu semelhante. E dito isto fez um gesto e todos os membros dos grupos de trabalho desapareceram e Deus pôde finalmente criar o mundo como ele é hoje. Em uma semana Deus fez o trabalho, é fato que muita coisa estava planejada, mas ele acabou mantendo sempre sua idéia original e assim as folhas das árvores são verdes e não rosa choque como queriam os Gls, os cães têm quatro patas e as mulheres dois seios e não dezesseis como era a idéia de alguns. Se está bom ou não, é difícil julgar, quem somos nós para tanto? Uma coisa deu para aprender. Nem Deus consegue produzir quando muitos dão palpites. O poder deve emanar de uma única pessoa que deve ouvir a todos e tomar as decisões. Tudo o mais é decorrência.

Monday, November 22, 2004

De dentro do carro!



A chegada ao portinho é cheia de surpresas, depois de uma estrada costeira curta e maravilhosa, entra-se numa espécie de tunel natural e de repente abre-se esta vista. Venha visitar Ubatuba, vale à pena!

Sunday, November 21, 2004

The best!

Besteira da grossa essa de ficar elegendo o melhor da história, em qualquer área da atividade humana. Falta do que fazer. Um desses júris do absurdo resolveu que a melhor música de todos os tempos é de Bob Dylan, escrita e gravada em 1965, "Like a Rolling Stone". Quem decidiu foi a revista "Rolling Stone". Notaram a semelhança, nepotismo puro, igualzinho ao vereador que contrata o cunhado para a assessoria e depois fica dizendo que cunhado não é parente. O que é então? Responda, vamos, queremos saber! Ops, desculpem, me perdi! "I can't get no satisfaction" (1965), do grupo inglês Rolling Stones, ocupa o segundo lugar, seguida de "Imagine" (1971), de John Lennon, escrita em sua carreira solo, já como ex-Beatle. Nada disso corresponde à verdade, todos sabemos que a melhor música de todos os tempos é "Maracangalha" de Dorival Caymmi.

Monday, November 15, 2004

Torta de rins...

Desde que os ingleses abandonaram a idéia de dominar o mundo, ficaram mais simpáticos e quando observados de perto são bastante exóticos. Qual outro povo comeria rins no café da manhã? Rins, bacon, salsichas, feijão doce e chá ou café com creme. Além de muitos ovos! Bom para o colesterol né? Outra delícia inglesa é servida nas redes de lanchonetes populares. “Fish and Chips”, que vem a ser um pedaço - generoso - de peixe empanado e frito, acompanhado de batatas fritas, com tanto óleo que dá para lubrificar a bicicleta. Devia se chamar “motolia”. Mas o peixe é excelente, pode ser haddock, pollack ou cod, que vem a ser um primo irmão do nosso bacalhau, saborosíssimo. Meu amigo Chris, que é inglês e, portanto exótico, como são os súditos da Rainha, vai passar o natal na velha Albion. Encomendei uma torta de rins para comermos com cerveja quente. “Steack and kidney pie”. Uma verdadeira delícia!

Sunday, November 14, 2004

"Yellow cake"

Aconteceu nos anos da década de 1980, não sei precisar exatamente qual, mas certamente foi antes de 1985. Numa manhã, muito cedo, acordei com batidas severas na janela da sala, que dava para o exterior. Eu morava num sobrado de vila, um oásis de tranqüilidade na loucura de São Paulo. Desci e tive uma surpresa, era um amigo recente. Na verdade tínhamos pouca intimidade, ele estivera em casa uma vez, aliás, foi quando nos conhecemos pessoalmente, embora eu já o conhecesse de nome. Naquela ocasião ele chegou na companhia de um amigo, depois disso eu e minha mulher fomos à casa dele uma vez. O visitante matutino era o jornalista Hamilton Almeida Filho que os mais íntimos chamavam de HAF, iniciais do nome que acabaram virando apelido. Abri a porta, com cara de sono e pedi que entrasse. Ele olhou atentamente para a entrada da vila, entrou, sentou-se depois de colocar uma pasta repleta de papéis na mesa de centro e disse querendo tirar um pouco do inusitado da situação: - Passei para tomar um café, dizem que nesta casa toma-se um dos melhores cafés da cidade, estou aqui para conferir. Dito isto caminhou até a janela e olhou através da persiana, como que verificando a segurança do lugar. Fui para a cozinha colocar água no fogo e depois até o banheiro fazer a natural drenagem matinal. Depois do café, percebi estar sem cigarros, ele fumava também, mas tinha apenas dois cigarros no maço. Pedi que ficasse esperando, eu iria até a padaria comprar. Ele pediu para que eu trouxesse um maço de Hollywood, eu fumava Charm. Na padaria, no quiosque dos cigarros, notei que era observado com atenção, policiais sempre são fáceis de identificar, na porta da padaria outros três estavam num Monza estacionado. Por precaução comprei dois maços de Charm, seis pãezinhos e duzentos gramas de queijo prato. Quando retornei para casa notei que havia na entrada da vila outro carro suspeito estacionado, com quatro caras que se não fossem tiras estavam perdendo tempo, tinham todos os cacoetes. Acendeu-se a luz de alarme em minha cabeça. Por precaução, ao chegar em casa levantei a persiana da janela, assim quem entrasse na vila poderia ver o que acontecia na minha casa, mas pelas condições de luz, muito mais intensa fora do que dentro, eu veria antes, além do quê, para saber o que de fato estava acontecendo a pessoa teria de se aproximar da janela e isso quase nunca acontecia, pois o carro ficava estacionado de tal forma que era mais fácil chegar pelo lado da porta. Hamilton já tinha percebido que eu tinha notado alguma coisa fora do comum e resolveu abrir o jogo. Jornalista do tipo investigativo, tinha feito carreira desde muito jovem, foi uma espécie de menino prodígio das redações. Com poucas conversas dava para notar que se tratava de alguém muito inteligente e perspicaz, além de ser um espírito inquieto, sempre em busca de alguma coisa nova. Infelizmente morreu cedo, ainda na fase de grande produtividade. No final da década de 70, o jornalista Alexandre Baumgarten desapareceu depois de ser visto saindo para uma pescaria. Dias depois seu corpo foi encontrado. Ele fora baleado. Dono da revista "O Cruzeiro" e ligado ao esquema do general Medeiros que pleiteava a presidência, tinha acumulado inimigos de alto calibre. O acusado pela morte era o general Newton Cruz, chefe do SNI e membro seleto da corte de Figueiredo, então presidente da República. Hamilton que estava formalmente desempregado, resolveu fazer uma investigação sobre os fatos e depois vender a matéria para algum órgão de imprensa. Durante semanas investigou e como conseqüência acabou investigado. Ele havia descoberto alguma coisa que os poderosos de então não queriam que viesse à tona. Na noite anterior saiu de casa, tomou um táxi para o centro, entrou num hotel da Boca do Luxo e passou a noite escrevendo. De manhã tomou outro táxi, deixou a máquina de escrever em casa e notou que estava sendo seguido. Na avenida Santo Amaro os perseguidores foram apanhados num sinal que fechou abruptamente. Ele teve tempo de ir até a minha casa que era próxima. Os tiras sabiam que ele estava por perto, não sabiam onde. Quando saí da padaria, logo após comprar cigarros, eles perguntaram ao dono quem eu era e o que fazia. Ele me contou dias depois, não desconfiava que eu fosse jornalista, ainda bem. Enfim, Hamilton estava esperando a manhã terminar para entregar o material nas mãos do Mino Carta, na revista Isto É. Depois de entregue estaria livre de constrangimentos, os militares sabiam que não haveria perdão se fizessem outra besteira no estilo Wlado Herzog. Dessa forma, entre um cigarro e outro, tomamos um bule de café e passamos a manhã conversando, até que saí para buscar o jornal e percebi que estava tudo limpo. Ainda assim Hamilton foi no meu carro, abaixado, até a praça Panamericana, onde tomou um táxi e desapareceu. O material que ele escreveu tinha o título de "Yellow Cake", e era uma confusão danada que não consegui entender direito, aliás, ninguém entendeu, apenas deu para saber que houve um assassinato nunca devidamente esclarecido. Tornei a encontrar o Hamilton duas ou três vezes, antes que ele falecesse. Sempre penso o que teria acontecido se eu tivesse pedido um maço de Charm e outro de Hollywood. Será que os tiras sabiam que ele fumava Hollywood? Estaria eu agora escrevendo estas linhas ou teria desaparecido? Nunca saberei.

Saturday, November 13, 2004

Adão estragou tudo!

Um fato é inexorável, precisamos ganhar a vida. Isso me faz amaldiçoar Adão todas as manhãs, quando estico o braço para desligar o despertador. “Vá, estás expulso do paraíso. De agora em diante ganharás o pão com o suor do teu rosto”. Foi este o sentido da frase divina, as palavras provavelmente foram outras, mesmo porque foi dito em hebraico (ou teria sido aramaico?). Desde esse fatídico e longínquo dia temos de trabalhar, passou a ser a sina dos humanos. Não imagino como deve ter sido viver no paraíso antes da expulsão, a única pessoa que poderia dar um depoimento sobre isso infelizmente já morreu. Sem precisar trabalhar, sem pagar impostos, sem filas do SUS e sem borrachudos, a vida deve ter sido boa. Quantos anos Adão viveu no bem-bom, e que idade tinha quando foi expulso? Adão não tinha profissão, era mauricinho, recebeu tudo do Pai, nunca precisou fazer esforço. Deve ter sido difícil a adaptação aos mercados competitivos da época. Sempre é bom lembrar que os judeus são bons de negócios e na época só havia judeus, inclusive Deus que também é judeu, bem como seu filho e seu alter-ego, uma pomba branca, também ela judia. Duro mesmo deve ter sido ouvir as reclamações de Eva, que sempre queria folhas de parreira novas, a última moda. Custavam uma fortuna! Se fosse possível voltar atrás, teria sido melhor Adão não ter comido do fruto proibido. Estaríamos todos vivendo num gigantesco Planalto Central, desfrutando de tantas mordomias que iríamos parecer senadores da República do Brasil.

Friday, November 05, 2004

Estou chegando!

Olá pessoal! Estou chegando da cidade de Ubatuba para informar o que vai pelas praias do litoral brasileiro. Estarei colocando no ar as fotos de um dos recantos mais bonitos do mundo. Aguardem!