Monday, January 10, 2005

Onde andará Jonas?

Certo dia, quando eu ainda era bissexto em Ubatuba, ao chegar à Praia Grande, vindo de São Paulo, senti um cheiro nauseabundo de morte.
Algo como um rato morto – há dias – no ar condicionado do carro. No outro dia soube que era uma baleia que havia encalhado e morrido nas areias que um dia foram pisadas por Anchieta. A curiosidade matou o gato, mas fez também com que Galileu descobrisse que os corpos caem com a mesma aceleração, independente da massa e chegam ao chão juntos. Como eu dizia, a curiosidade matou o gato, aliás, estava cheio de gatos nas proximidades do cadáver do cetáceo, todos com ar de quem ganhou na loteria. Foi aí que um Jonas moderno resolveu fotografar de um ângulo inusitado e, para tanto, escalou o dorso da baleia, cuja superfície estava digamos fofa. Com lenços nos narizes em meio à sinfonia de miados e sobrevoados por um enxame de rodopiantes urubus, vimos então a carcaça ceder ao peso e lá se foi o Jonas moderno para o interior da baleia putrefata. Escapou um gás terrível – equivalente a um trilhão de peidos – que empesteou definitivamente o ambiente. Como não gosto de sofrer, dei às de vila-diogo. Ainda hoje tenho curiosidade de saber quem foi o artista que protagonizou o espetáculo bizarro. Ontem, num churrasco, disseram tratar-se de um turista. De Taubaté.

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